quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Poemas que Chovem

Sou apaixonado por dias tristes. Eles me são. Os dias de sol possui a rotina do sol. Pontualmente burocrático. Não tira férias. Crê na utopia da justiça. As dias de chuva não.

São descompassadamente belas. As folhas, no outono, cobrem a seca cor da terra, como se pinta o chão no outono para receber o caimento das folhas.

Os dias de chuva, eles me são, um dilúvio de poemas embarcados em curvas de folhas d´águas que do céu despedançam-se ao solo.

Não há como resistir a música da chuva quanto toca o chão.

Nos dias que chovem as ruas de manhã vestem-se de noite e cores azuladas. Sobre o seu vestido de piche, tons fugidios das árvores deitam sua caligrafia de tinta. Ora adormecem, ora despertam,
Coreograficamente.

Quando chove, atamanham-se as poças de água onde embarcam metáforas em caravelas verdes, que ora adormecem, ora acordam, despertadas pelos ventos.

Quando acordo de mim nos dias de chuva, acapoto-me de pensamentos, inquietantes inquilinos que não saem para trabalhar nos dias de chuva e fazem farra no prédio de minha razão.

Os dias de chuva me são  guarda-chuvas onde a natureza
liquida metáforas.

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