terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Em cena o quadro que a linguagem Habita e se apaixona

Texto em homenagem ao pintor Fernando Campos 
              Cena do Filme A Flor da Tela (Sobre a obra de Fernando Campos) Produção Cinema de Poesia
     
           Todo quadro é um sonho que o artista vive. Todo viver é traço que o artista sonha. Da cor a luz o amor é beijo que se encena, a sinfonia que a dor  assombra. Em cada canto uma referência lembra, o que mil e uma noites retiram da sombra. O  Amor  é o Beijo que em Klint soma, em Lautrec o desejo que a dançarina encena. Formas encorpadas por Botticceli amada ou simples mistérios de Mona Lisa. Quantas histórias a mão afaga nestas pinturas que se habita? Nestes diálogos que a mão desenha, nestes mil traços de poesia!
    
         Nos diga seus Campos poeta Fernando, nos faça ver por suas linhas, as danças passadas de mãos solitárias que da penumbra nos traz a vida. Recite belezas imaginárias que a retina a tela transforma. O quadro é palco e a personagem é viva, e todas as cores se transformam em notas. Respira o cabaret de tuas formas, deita o que a linguagem seduz, sou a musa que sua arte personifica, da criação a sua própria luz. Sou do desejo a arte e a tocha a imitação de mil vagalumes, sou o sabor de tuas doces horas, o caminho que tua arte conduz. O veneno e o antídoto de teu próprio bálsamo, a arquitetura que  relicário reluz, o motivo pelo qual se existe, nas curvaturas de coreografias azuis.
   
      Pena que o humano não possa habitar nestes belos quadros, porém sacio da cor a beleza como a sede se sacia com o trago, como o afago que a saudade beija, na cintura de um belo retrato. Trago no extâse de minha loucura, na sutileza de mãos adornadas, toda a destreza de um simples toque, toda a paixão na tela deixada. Deixa nestas saias rodadas as formas de teu absinto, e retira de nós o abismo, em troca de jardim de metáforas.
    
     E a vós, personagens distantes, observa os diálogos invisíveis, os caminhos de misteriosas fontes, as linguagens dos quadros possíveis, que a narrativa de tua caligrafia esconde. Decifra, ame e habite, sofra, amadureça, se encante, declame....  Se o pintor o mundo recria, é que em cena no quadro habita a linguagem pelo qual se apaixone. 

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